Canalhocracia ativa.
Teônio Vieira, empresário e colaborador (teonio.vieira@hotmail.com)
Assim como os alquimistas da idade média procuravam, incansavelmente, descobrir uma maneira de transformar qualquer metal em ouro, os nossos alquimistas contemporâneos estão sempre ocupados em manipular, na clandestinidade, jeitos de transformar dinheiro sujo, produto da gatunagem, em moeda verdadeira, destinada a fortalecer financeiramente os partidos e enriquecer pessoalmente políticos inescrupulosos.
Em decorrência de denúncias sucessivas de corrupção, em curto espaço de tempo, cinco ministros perderam os seus cargos durante os dez meses do mandato da Presidente Dilma. São episódios deprimentes que ferem os princípios republicanos, comprometem o governo e contribui para enfraquecer a democracia. Os fatos demonstram a ineficiência do método adotado para escolha de auxiliares importantes na composição do governo, sem que prevaleça a avaliação do caráter pessoal aliado aos critérios técnicos. Parece não existir decisões com independência, as resoluções estão sempre atreladas aos acordos partidários; sai um denunciado por falcatruas, mas permanece o partido com o privilégio do usufruto do mesmo ministério.
Os que caíram em desgraça apresentaram a mesma encenação e reproduziram o mesmo texto como se fossem personagens de uma peça teatral na representação de uma cena lírica: “Estou sendo vítima de calúnias emanadas de inimigos políticos interessados em me atingir e macular o governo. Essa onda de denuncismos precisa acabar!” Esse é o álibi daqueles a quem interessa ver a imprensa amordaçada. As vitimas desses atos abjetos somos nós, que precisamos trabalhar duro para compensar essa roubalheira estimada em 85 bilhões de reais ao ano, equivalente a 2,3% do PIB - toda riqueza que o país produz - (dados divulgados pela revista Veja, edição nº 43). Enquanto o marketing do governo tenta impressionar a população, no dia a dia, somos violentados nos nossos direito essenciais.
É oportuno observar que no Orçamento da União do ano 2000 foram destinados 8% para a saúde e 4,2% para Ações Sociais. No ano 2010, reduziram o percentual da saúde de 8% para 6,8% e aumentaram de 4,2% para 7,9% a aplicação para Ações Sociais, inclusive Bolsa Família, e continuam fazendo uma celeuma para justificar a criação de um novo imposto para melhorar saúde pública, em estado miserável em todos os quadrantes do Brasil. Diante desse panorama, a oposição perde as oportunidades de avançar e permanece tentando conciliar as divergências entre suas lideranças, o que só contribui para piorar o quadro político.
Voltando a horda, é perceptível que não é possível combater a corrupção apenas com a substituição de ministros, os malfeitores têm formação de nível superior, mestrado e doutorado no curso de usurpador. O governo deveria promover um movimento benéfico, a partir de cima, dos ministros e seus auxiliares para servir de exemplo e fomentar a formação moral da base da sociedade. Sabemos que não é fácil, mas é preciso mudar esse comportamento pernicioso atuante na cúpula do gerenciamento público. Quando a canalhocracia se abriga num poder, instala administração de vendilhões, eliminam lideranças, promovem corruptos, as ações viram negócios e ignoram a esperança teimosa do povo de ser feliz. Isso tem uma definição: Canalhocracia ativa. >>>>>> Natal, 13/11/2011.
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