quarta-feira, 18 de junho de 2014

Delegada relata detalhes da execução do casal e revela ambição e inveja por parte do sócio: fotos!


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Em entrevista concedida na manhã desta terça-feira (17), na Central de Polícia em Campina Grande, a delegada de Homicídios de Campina Grande, Tatiana Matos, explicou detalhes da investigação do crime que teve como vítima o casal proprietários da Sapiens, Whashigton e Lúcia que foi executado, quando saia da festa de casamento do qual foram padrinhos.
As investigações da Polícia Civil duraram quase dois meses e foi denominada de "Operação Judas Iscariotas", em alusão ao apóstolo que, por 30 moedas, entregou Jesus Cristo aos soldados romanos que o crucificaram. Mais de 30 policiais participaram da Operação e cerca de 71 pessoas foram ouvidas.
Frios e calculistas. Foi assim que a delegada de homicídios, Tatiana Matos definiu todos os envolvidos na execução do casal, ocorrida no último dia 29 de março deste ano, no bairro do Catolé. Por motivo torpe, o sócio do casal, Nelsivan Marques e o agiota Franciclécio são os suspeitos de serem os mentores intelectuais do crime.
Além dos mentores, também estão envolvidos, o casal Gilmar Barreto e Maria Goreti, responsáveis por contratar o assassino,Samuel Alves, vulgo Samuca, Allef, responsável pelo assalto forjado, ocorrido no dia 1º de março. O assassino, Samuca teria recebido a quantia de R$ 4 mil pelo trabalho. Samuca já estava detido por assalto à casa do auditor fiscal, ocorrido no último dia 27 de maio, no Jardim Tavares.
Ambição e inveja
Segundo a delegada Tatiana Matos, a inveja e a ambição de Nelsivan o levaram a encomendar o crime. Uma cláusula no contrato social da Sapiens, excluía os herdeiros em caso de morte de um dos sócios. Ela explicou que sempre que Whashington comprava um carro novo, Nelsivan ia lá e comprava outro igual. Até o dia que Whashington adquiriu um Ford Fusion, no valor de R$ 114 mil.
Nelsivan tentou comprar um também, mas não teve crédito e descobriu que o automóvel do casal foi pago à vista. A partir daí, ele começou a desconfiar de Whashington e Lúcia e conversou com Franciclécio para que juntos tramassem a execução do casal. Com isso, ele passaria a ser o único dono da Faculdade Sapiens e pagaria uma dívida do casal a Franciclécio. Dívida essa, que Franciclécio contou que era de R$ 80 mil.
Noite do crime
Conforme Tatiana Matos, Gilmar e Goreti, juntamente com o assassino Samuca, foram até o local do crime um dia antes para estudar a rota de fuga. No dia do crime, eles passaram quatro vezes pelo local, ainda para analisar qual seria a melhor maneira de fugir, sem serem vistos. Gilmar, Goreti e Samuca chegaram por volta das 20h e pararam numa lanchonete para discutir os acertos finais da execução. Às 21h31, Franciclécio que participava do casamento, lugou para Gilmar avisando que o casal estava saindo.
Gilmar e Goreti se aproximaram, Samuca desceu do carro e se escondeu por trás de outro veículo. Quando o casal saiu da Casa de Festas, Lúcia acompanhou Whashington até o lado do motorista e quando se dirigia para o outro lado do carro, Samuca apareceu e deu três disparos que deveriam acertar a cabeça da vítima, mas errando o alvo, um dos tiros atingiu o vigilante e os outros dois pegaram no pescoço de Lúcia. Em seguida, Samuca se dirigiu até Whashington e efetuou mais dois disparos. Os tiros foram dados com um revólver, calibre 38.
Elucidação do crime
Tatiana Matos, explicou que não foi fácil desvendar o crime, pois não havia testemunhas, nem câmaras nas ruas que pudessem levar a uma elucidação mais rápida. E a Polícia teve que trabalhar, a partir da ocorrência do assalto forjado e de uma denúncia feita pelo 197. Ela contou que depois de pedir a quebra de sigilo telefônico de Nelsivan e Franciclécio, percebeu que várias mensagens foram trocadas, no dia em que Nelsivan voltava de uma viagem na companhia de Whashington.
Nesse dia, o motorista de Whashington, Alexandre teria ido pegá-los no aeroporto João Suassuna, na Capital. Durante o percurso, Whashington e Alexandre perceberam que Nelsivan não parava de usar seu celular, enviando mensagens e fazendo perguntas a Whashington para saber pra onde ele iria. Ao responde-lo, Nelsivan passou mensagens para Franciclécio, avisando o destino de Whashington ao chegar em Campina Grande.
Ainda durante o percurso da viagem, já próximo a Campina Grande, Whashington recebeu uma ligação de Lúcia pedindo que ele fosse para a casa dela e não mais para a dele. Mais uma vez Nelsivan perguntou o que estaria ocorrendo. Ao responde-lo, informando que iria para a residência de Lúcia, Nelsivan ficou visivelmente nervoso e mais uma vez passou mensagem para Franciclécio informando que os planos de Whashington haviam mudado e que ele não iria mais para a sua casa.
Franciclécio imediatamente se deslocou para a residência de Lúcia, mas nesse momento, Whashington já estava próximo ao portão e deu tempo Lúcia puxa-lo para dentro e fechar o portão. A partir daí, eles começaram a gritar dizendo que tinha câmaras e que tudo estava sendo gravado. O casal seria morto nesse dia por Aleff, mas como deu errado, Allef apenas abordou o motorista e roubou seu celular para forjar o assalto. “Se eles quisessem roubar, teriam levado o carro e não um celular sem valor”, declarou Tatiana.
No dia do assalto forjado, Franciclécio estava encapuzado, mas Allef não e durante o depoimento de Alexandre à delegada Tatiana Matos, ele conseguiu reconhecer Allef, através de fotos apresentdas pela delegada. Allef já havia sido apreendido no ano passado, quando ainda era menor. Ao conseguir encontrar o celular que havia sido roubado, a delegada acabou chegando em Allef que confessou que tinha ido à casa do casal para mata-los e havia sido contratado por Franciclécio.
A partir daí, a investigação começou a caminhar a passos largos e, pouco a pouco, o cerco foi se fechando. Tatiana revelou que no último dia 12, deste mês, já estava com os mandados em mãos, mas teve que dizer que iria prorrogar o prazo para que os envolvidos não tentassem fugir. Ela revelou que Franciclécio já havia viajado e outros envolvidos estavam planejando fazer o mesmo.
“Essa estratégia, fez com que eles acreditassem que não tínhamos nada concluso e fez também com que Franciclécio voltasse para Campina Grande, na última terça-feira. A partir daí, quando soubemos que todos estavam na cidade e já de posse dos mandados, resolvemos agir na manhã desta terça-feira”, frisou.
Ainda segundo Tatiana Matos, Franciclécio e Nelsivan já haviam tentado matar o casal por três vezes. Em uma das vezes, o casal seria executado dentro de casa, mas ao tentarem invadir a residência do casal, o alarme foi acionado e eles acabaram desistindo. Da segunda vez, também deu errado, quando forjaram o assalto e, infelizmente da terceira vez, acabaram conseguindo executa-los.
Arma do crime
Durante a coletiva, na manhã desta terça-feira (17), os policiais civis estavam fazendo diligências no sentido de encontrar a arma do crime. Tatiana informou que ao falar com Gilmar sobre a arma, Gilmar dizia que estava com o assassino, Samuel. Mas ao ser ouvido, Samuel revelou que estava com Gilmar. Ao interrogar mais uma vez Gilmar, ele acabou confessando que havia repassado a arma para um adolescente e esse adolescente havia sido apreendido.
Os policiais, então fizeram diligência na delegacia do Menor e localizaram a arma do crime. Em seguida, a arma foi apresentada ao Gilmar e ao Samuel e eles confirmaram se tratar do revólver que foi usado na execução do casal Whashington e Lúcia.
Confissão
O assassino Samuel Alves, o casal que o contratou, Gilmar e Goreti e o responsável pelo assalto forjado, Allef já confessaram suas participações na execução do casal. O sócio, Nelsivan Marques se utilizou do seu direito de permanecer em silêncio e só falará em juízo. O agiota Franciclécio, responsável pela contratação de Samuel, Gilmar, Goreti e Allef, negou tudo, mesmo a delegada lhe apresentando todas as provas materiais.
Tatiana disse que durante o interrogatório do agiota, ela lhe mostrou todas as provas materiais, a exemplo das mensagens e ligações feitas no dia do assalto forjado e no dia do crime, entre ele, Nelsivan e os demais envolvidos, mas ele negou peremptoriamente sua participação nos planos de execução do casal.
Dívida
As filhas de Lúcia, negaram que o casal devia dinheiro a Franciclécio. Uma delas que era responsável por toda movimentação bancária disse que achava improvável que seu padrasto e sua mãe devesse um carro há mais de um ano.
Prisão
Tatiana Matos, explicou que não pediu a prisão preventiva dos envolvidos porque só teria 10 dias para apresentar o relatório. Com a prisão temporária, ela poderá pedir prorrogação por mais 30 dias, caso seja necessário e ter tempo suficiente para concluir as investigações, bem como o relatório detalhado com todas as provas materiais.
“Após concluir o relatório e apresenta-lo, estarei solicitando a prisão preventiva. Mesmo com a negativa de Franciclécio, as provas são suficientes para comprovar sua ligação e participação na execução do casal, bem como a do sócio Nelsivan Marques”, explicou.
Perdão
A irmã de Lúcia, Mirian Santana Pereira disse que estava feliz pelo desfecho final do caso. Ela revelou que recebeu uma ligação da sobrinha, Jessica, dizendo que os envolvidos na execução da sua irmã haviam sido presos. Ela declarou que apesar de desconfiar do sócio Nelsivan, não queria acreditar que fosse ele. “Ele praticamente era da família, era nosso amigo, não queria que ele tivesse feito isso. Ele planejou isso de uma forma muito fria e calculista”, disse.
Ela afirmou que a família está em estado de choque com a notícia do envolvimento do sócio e amigo, Nelsivan. “Foi muito forte saber disso tudo, saber do envolvimento dele. Foi doloroso saber que ele teve coragem de matar minha irmã. Foi muito difícil para nossa mãe”, frisou.
Mirian disse ainda que gostaria que os culpados pela execução da sua irmã, se arrependessem do crime que cometeram, porque por ela, eles já estão perdoados. “Esse é meu desejo, mas espero também que a justiça seja feita e que eles paguem pelo crime que cometeram”, finalizou.
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Samuel Alves de Souza - responsável por executar o casal (Confesso)
 
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Allef Sampaio dos Santos - responsável pelo assalto forjado (Confesso)
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Gilmar Barreto da Silva, responsável por contratar o assassino (Confesso)
 
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Maria Gorete Alves, responsável por contratar o assassino (Confessa)
 
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Franciclécio de Farias – Suspeito de intermediar e encomendar a execução do casal (Não confesso)
 
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Nelsivan Marques, sócio do casal e suspeito de ser o mentor intelectual do crime (Só fala em juízo)