Os políticos detentores de mandato receberam a incumbência de representar e defender os interesses da população, com dignidade e legitima confiança expressa nos votos. Óbvio!
Vivemos, entretanto, uma democracia marcada pela arrogância dos que detém o poder e usam o voto do eleitor para agir fora da lei, praticantes do nepotismo, da corrupção, da falta de ética e outros métodos ilícitos que ao longo do tempo viraram rotina, enquanto se ignoram necessidades essenciais que vitimam principalmente os mais carentes dos serviços públicos. O sentimento de justiça social tem um período de curta duração, é tema predominante apenas nos discursos de palanque, no horário eleitoral, na mídia dos candidatos durante a campanha. Tanto o Poder Executivo como o Legislativo são contumazes nos escândalos, gastos em profusão com o dinheiro do erário público, e os protagonistas ficam impunes. Testemunhamos momentos em que tudo é valido para se alcançar objetivos espúrios.
Como escrever sobre esse tema sem fazer citações sobre os acontecimentos em evidencia no Congresso Nacional? A imoralidade habita no Senado e aos poucos vai contribuindo para a completa desmoralização da instituição, atual ponto de convergência da imprensa, ávida por novas informações sobre denuncias envolvendo o presidente senador José Sarney e a arcaica administração da casa. Tanto é que, no Conselho de Ética já foram protocoladas seis denuncias e cinco representações em virtude de atos secretos, nepotismo e desvios de recursos, originários da Petrobras, pela Fundação José Sarney em São Luiz do Maranhão.
O Conselho de Ética do Senado não tem isenção para atuar correta e independentemente sob a presidência do senador, sem voto, Paulo Duque (PMDB – RJ) apoiado pela maioria dos membros que compõe a “tropa de choque” liderada por Renan Calheiros e Collor de Melo, comprometida em defender, a qualquer preço, o senador Sarney. O prognostico é a sua absolvição. Basta lembrar que Conselho de Ética da Câmara Federal ao julgar o deputado Edmar Moreira, aquele do castelo de R$ 25 milhões de reais, que usou dinheiro da Câmara para contratar suas empresas de segurança para proteger a ele mesmo, também foi agraciado com o perdão. Esses acontecimentos são tão pertinazes que nos leva a admitir que qualquer semelhança não seja mera coincidência. No parlamento, esse tratamento “VIP” faz parte do corporativismo existente e dá ares de triunfo ao cerimonial que institucionaliza a bandalheira.
É necessário mudar o Sarney, mas também é imperativo mudar o modo de proceder do próprio Senado, somente assim a instituição sairá dessa crise fortalecida e poderá contribuir para passar a limpo o Parlamento Brasileiro. Enfatizo que essa crise de identidade moral é muito mais abrangente do que parece e produz um efeito devastador. O mais doloroso é admitir que poucos, pouquíssimos, dos nossos lideres servem como modelo para a nossa juventude.
O farol da nossa esperança é a vigilância da Impressa, a ação da Polícia Federal e a atuação do Judiciário, graças ao desempenho daqueles que ainda não foram contaminados pelo agente da corrupção deletéria. A população trabalha, e muito, para sobreviver como gente decente ainda que surrupiada, desde os tempos da “Santa do Pau Oco”. Enquanto a massa eleitoral continuar sem noção do que seja cidadania; enquanto não se promover uma revolução educacional no Ensino Fundamental e Médio; enquanto se gastar mais recursos com a Bolsa Família do que na educação; enquanto prevalecer o clientelismo político impedindo o país de se condicionar para enfrentar, mais adiante, com condições de igualdade, a concorrência com países mais bem preparados e competitivos; enquanto não se identifica nenhuma vertente de reação contrária que traduza indignação da sociedade a esse abominável continuísmo, nada se transformará. A triste conclusão é que trocamos a ditadura por um bando de ladrões, altamente capacitados. Necessitamos de mudanças, sim, de muitas mudanças, do contrario continuaremos sendo as grandes vítimas, viventes nesse Paraíso da Patifaria.
* * *
Publicado em 07/08/2009 no matutino JH PRIMEIRA EDIÇÃO,
Natal / RN.
Vivemos, entretanto, uma democracia marcada pela arrogância dos que detém o poder e usam o voto do eleitor para agir fora da lei, praticantes do nepotismo, da corrupção, da falta de ética e outros métodos ilícitos que ao longo do tempo viraram rotina, enquanto se ignoram necessidades essenciais que vitimam principalmente os mais carentes dos serviços públicos. O sentimento de justiça social tem um período de curta duração, é tema predominante apenas nos discursos de palanque, no horário eleitoral, na mídia dos candidatos durante a campanha. Tanto o Poder Executivo como o Legislativo são contumazes nos escândalos, gastos em profusão com o dinheiro do erário público, e os protagonistas ficam impunes. Testemunhamos momentos em que tudo é valido para se alcançar objetivos espúrios.
Como escrever sobre esse tema sem fazer citações sobre os acontecimentos em evidencia no Congresso Nacional? A imoralidade habita no Senado e aos poucos vai contribuindo para a completa desmoralização da instituição, atual ponto de convergência da imprensa, ávida por novas informações sobre denuncias envolvendo o presidente senador José Sarney e a arcaica administração da casa. Tanto é que, no Conselho de Ética já foram protocoladas seis denuncias e cinco representações em virtude de atos secretos, nepotismo e desvios de recursos, originários da Petrobras, pela Fundação José Sarney em São Luiz do Maranhão.
O Conselho de Ética do Senado não tem isenção para atuar correta e independentemente sob a presidência do senador, sem voto, Paulo Duque (PMDB – RJ) apoiado pela maioria dos membros que compõe a “tropa de choque” liderada por Renan Calheiros e Collor de Melo, comprometida em defender, a qualquer preço, o senador Sarney. O prognostico é a sua absolvição. Basta lembrar que Conselho de Ética da Câmara Federal ao julgar o deputado Edmar Moreira, aquele do castelo de R$ 25 milhões de reais, que usou dinheiro da Câmara para contratar suas empresas de segurança para proteger a ele mesmo, também foi agraciado com o perdão. Esses acontecimentos são tão pertinazes que nos leva a admitir que qualquer semelhança não seja mera coincidência. No parlamento, esse tratamento “VIP” faz parte do corporativismo existente e dá ares de triunfo ao cerimonial que institucionaliza a bandalheira.
É necessário mudar o Sarney, mas também é imperativo mudar o modo de proceder do próprio Senado, somente assim a instituição sairá dessa crise fortalecida e poderá contribuir para passar a limpo o Parlamento Brasileiro. Enfatizo que essa crise de identidade moral é muito mais abrangente do que parece e produz um efeito devastador. O mais doloroso é admitir que poucos, pouquíssimos, dos nossos lideres servem como modelo para a nossa juventude.
O farol da nossa esperança é a vigilância da Impressa, a ação da Polícia Federal e a atuação do Judiciário, graças ao desempenho daqueles que ainda não foram contaminados pelo agente da corrupção deletéria. A população trabalha, e muito, para sobreviver como gente decente ainda que surrupiada, desde os tempos da “Santa do Pau Oco”. Enquanto a massa eleitoral continuar sem noção do que seja cidadania; enquanto não se promover uma revolução educacional no Ensino Fundamental e Médio; enquanto se gastar mais recursos com a Bolsa Família do que na educação; enquanto prevalecer o clientelismo político impedindo o país de se condicionar para enfrentar, mais adiante, com condições de igualdade, a concorrência com países mais bem preparados e competitivos; enquanto não se identifica nenhuma vertente de reação contrária que traduza indignação da sociedade a esse abominável continuísmo, nada se transformará. A triste conclusão é que trocamos a ditadura por um bando de ladrões, altamente capacitados. Necessitamos de mudanças, sim, de muitas mudanças, do contrario continuaremos sendo as grandes vítimas, viventes nesse Paraíso da Patifaria.
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Publicado em 07/08/2009 no matutino JH PRIMEIRA EDIÇÃO,
Natal / RN.
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